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Prioridade para negros em processos seletivos... Precisamos falar sobre isso

  • Foto do escritor: Lucas Vegette
    Lucas Vegette
  • 30 de set. de 2020
  • 3 min de leitura


Recentemente a abertura de processos seletivos exclusivos para negros e mulheres geraram polêmicas e dividiram a opinião em grupos de debate e redes sociais.

O meu intuito com este artigo é unicamente expor a minha opinião e promover a reflexão sobre o tema, sem qualquer intenção de estabelecer uma verdade absoluta.

Ler a divulgação do Magazine Luiza sobre a abertura do processo seletivo para trainee dedicado para negros me fez repensar alguns paradigmas, procurar ouvir opiniões diferentes e refletir sobre o papel de grandes companhias na sociedade.

Não isolado, o Magazine Luiza tem ao seu lado outras companhias que aderiram a programas semelhantes como: Ambev, Bayer, Gerdau, Banco BV, Proctor & Gamble. E se pesquisarmos encontraremos tantas outras.

Num primeiro momento muitos devem pensar “Não passa de uma ação de marketing” ou então o clássico “Isso também não é racismo?”. Por outro lado li um comentário interessante que dizia “Se você não se encaixa em algum desses processos, fique tranquilo, pois todos os outros são para você”.

Sou integralmente a favor de ações como esta que promovam impacto e de alguma forma equilibrem as oportunidades, o fato de ter gerado a discussão e a reflexão já foi um grande passo. Acredito que seja um início para uma mudança estrutural ao longo do tempo, ainda que esteja sendo aplicada no meio e não na base (explico esse meu ponto de vista adiante). Neste contexto é importante também refletirmos sobre as questões abaixo como fonte de mudança:

1. Após serem contratados como será a carreira desses profissionais na companhia? Eles terão as mesmas chances em novos processos seletivos internos? Inclusive envolvendo cargos de liderança e de níveis executivos?

2. A empresa que abre um processo seletivo exclusivo para negros e apresenta-lhe um corpo diretivo composto exclusivamente por brancos transmite qual imagem para este novo colaborador?

3. Essa será uma ação pontual ou estamos vivendo uma mudança cultural?


Penso que estamos vivendo uma mudança cultural e também que as grandes companhias possuem um papel importante no desenvolvimento social e que, unidas ao setor público que tem a responsabilidade nesse processo, podem transformar vidas e gerar mais e melhores mudanças culturais combatendo o racismo e o desequilíbrio de oportunidades. Além de processos seletivos dedicados às classes sub-representadas, por que não promover também ações diretamente na causa? Que a meu ver é a Educação. Se aprendemos a ser racistas também podemos aprender a não ser.

O termo Educação transcende a sala de aula, me refiro ao acesso ao conhecimento em suas diversas formas desde a fase infantil para crianças de periferia e de comunidades carentes como também à conscientização e à vivência sobre o tema para crianças de classe média e alta como base educacional. E há várias formas de se fazer isso começando por um ensino público de alto nível, inclusão de grades esportivas como disciplina escolar (Educação Física é muito mais do que jogar queimada ou futebol durante uma ou duas horas por semana), acesso à internet e inglês desde a juventude e posteriormente programas de especialização. A partir da Educação podemos ensinar também a empatia, a equidade e o respeito e isso é sim responsabilidade do setor público, mas o apoio do setor privado é muito bem vindo.

A reflexão que eu quero trazer é que se com essas e outras ações conjuntas seria possível esses jovens negros chegarem ao mercado de trabalho com um pouco mais de equilíbrio nas oportunidades. Não é o suficiente, eu sei, porém ainda que precisemos de décadas para alcançar isso, com o passar dos anos teremos mais negros nas universidades e cursos de elite, mais negros em grandes companhias, mais negros como recrutadores, mais negros em níveis executivos e, obviamente, menos preconceito.


Na outra ponta, é possível que uma criança branca de classe média/alta tendo sido conscientizada e convivido com este tema durante toda a sua formação chegue ao mercado de trabalho com mais empatia, mais respeito e com isso sejam recrutadores sem preconceito e proporcionem maior equidade nas contratações.

Diante de todo esse contexto racial enraizado na nossa cultura é impossível terminar essa abordagem sem essa citação, por mais previsível que seja resume perfeitamente o meu pensamento:

"Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar." Nelson Mandela.



E você, concorda? Tem uma opinião diferente? Compartilhe conosco.




Lucas Vegette

1 Comment


flaviabadolato
Oct 01, 2020

Excelente reflexão Lucas!

Mas de fato, precisamos falar mais sobre o tema!

Precisamos conversar em casa, com nossos filhos, família e amigos... precisamos não ter receio de comentar com no trabalho, precisamos que as amarras do preconceito deem espaço àconversa franca !

Precisamos que não sejam ações de marketing nem marketing pessoal de quem quer se fazer de bom moço!

É preciso que seja natural! Parte da vida, do amor e do querer... que não haja distinção!

Uma luta de todos... e não apenas de uma classe! É muito mais que empatia... é praticar o que se fala!

Parabéns pela abordagem!!!

Vamos falar mais sobre o tema...

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