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Por que está assim?

  • Foto do escritor: Rafael Diniz Britto
    Rafael Diniz Britto
  • 17 de mai. de 2020
  • 2 min de leitura

Sábado, véspera do dia das mães... fui encontrar meus pais após quase sessenta dias de quarentena. Seu José, de cabelos brancos, pele enrugada envelheceu.

Dona Manô, de máscara, fechou os olhos de tanto sorrir. Me recebeu sem abraço.

O mundo já mudou. No meio de tudo isso estamos tentando entender, aprender e talvez melhorar.


A ausência de vida social nos tempos atuais pode ter seu lado bom.

Meu cartão de crédito, por exemplo, caiu pela metade! Voltei a praticar exercícios físicos e estou iniciando novos projetos. Tenho trabalhado mais, é verdade! Horários desregulados e reuniões a mil...

Mas, estou feliz! Nesses momentos de incerteza econômica, precisamos nos dedicar ainda mais.

Home office é o novo ‘Enzo’ do mundo. Não duvido que logo os bebês sejam chamados assim. A cadeira é desconfortável, a luz não favorece, a conexão as vezes fica ruim mas seguimos firmes.

Nosso comportamento em relação a esse modelo de trabalho mudou. No passado recente, imaginávamos que trabalhar em casa por muitos dias não seria bem aceito.

Era comum ficarmos ‘irritados’ quando se ouvia um barulho externo na reunião... choro de criança ou buzina de carro... Pensávamos: Ele ou ela não está comprometido com o trabalho.

Hoje, os filhos participam das reuniões. O barulho externo deixou de ser problema e é motivo de brincadeira. Evoluímos, estamos mais compassivos.

Mas nem tudo são flores. A vida em casa também pode nos aprisionar. Deixamos de crescer com o convívio... Deixamos de ter histórias, compartilhar momentos e surpreender alguém. Quando foi a última vez que preparamos algo especial? Colocamos aquela roupa esperando impressionar. O frio na barriga antes de um encontro já não acontece. A incerteza sobre o sentimento do outro já não é mais tão presente.

A distância nos colocou na bolha e aparentemente “temos o controle”.

Será que estamos mesmo evoluindo com toda essa ausência de convívio social ou utilizamos indevidamente um momento, que é real e necessário, para justificar nossas inseguranças no relacionamento com o outro?


A resposta eu não tenho e não sei se terei. O fato é que estamos em um cenário desconhecido, imposto contra nossa vontade e que não temos controle.

Oportunidade clara para fazer, pelo menos, um diagnóstico do nosso comportamento.

Muito se fala em ‘pós pandemia’ e como, talvez, seremos melhores... Mas a vida não é o futuro e sim o presente. É com ele que temos que nos preocupar para colher frutos no futuro. O ser humano sempre tenta adiar as coisas... Evitar o conflito, a mudança... deixar a vida correr. Esse sentimento de pós pandemia segue a mesma linha...

O desafio é ser protagonista no agora, mudar, evoluir hoje para colher mais pra frente os frutos. Não é fácil, tão pouco simples, no entanto, é necessário.

Por fim, com os olhos marejados, seu José e dona Manô me falaram tchau. Voltei para minha bolha com o coração mais calmo, agradecido a Deus e feliz por ter vivido um pouco mais.

Porque está assim eu não sei. Mas já que está, façamos algo a respeito.


Concorda? Tem uma opinião diferente? Comente aqui, será muito bem vindo.

Rafael Britto


Concorda? Tem uma opinião diferente? Comente aqui, será muito bem vindo.

9件のコメント


lucaslopesbr
2020年5月19日

Outra ótica interessante também é para quem tem filhos a mudança da quarentena.

Sendo antecipado a necessidade de aulas a distância desde criança, muitos não tendo o convívio diário com seus amigos para brincar, ficar o dia todo dentro de um apartamento ou casa sem poder sair para parques ou outros lazeres.

Vemos oportunidade dos pais podendo conviver mais com seus filhos e ao mesmo tempo vivendo a ansiedade de estarem perto e não poder dar sempre a devida atenção devido ao trabalho.

Momentos bons e momentos difíceis, com certeza todos tentando buscar o equilíbrio.

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marciavegette
2020年5月19日

Meu falecido pai, sempre falava, “se você precisar pedir para alguém fazer algo pra você, peça sempre para quem estiver muito ocupado, pois este sempre encontrará um tempo para te auxiliar, ao contrário aquele que tem tempo ocioso nunca encontrará tempo “. Nesse período de quarentena, temos que tomar o cuidado de não cair na armadilha da ociosidade , usando como pano de fundo , “não podemos fazer nada” , pois podemos nos enquadrar no grupo das pessoas que nunca achará tempo para fazer algo.


Airton Vegette

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carolushiama
2020年5月19日

É tipo o vírus lá fora nos trazendo pra dentro, sabe? Pra dentro do “EU”. Pra cuidar daquilo que descuidamos. É uma nova oportunidade de mudarmos, de nos ressignificar, de sermos mais grato por todo o privilégio que temos. É hora para termos aquela autorreflexão e mudarmos atitudes e conceitos. Começarmos a por em prática objetivos guardados na gaveta. Passar por momentos desafiadores como esse nos ensinará em como seremos no futuro. E uma das lições é não mais esperar pelo ruim para então valorizar o que bom!


Que orgulho, Rafa! Parabéns pela iniciativa.

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flaviabadolato
2020年5月19日

Por que está assim...até quando será assim?

De fato não temos essas respostas, e ansiosos como somos, nos questionamos e tentamos encontrar respostas, motivos, sejam estes, científicos, sociais ou divinos!


Temos, também, esperança! O que nos permite acreditar que depois dessa sairemos melhores... no mínimo e, particularmente, mais reflexivos!


Por um tempo, não sei se por toda a vida, mas por um tempo, daremos valor a coisas mais simples que na correria do dia a dia passam tão despercebidas.

Sim... estamos trabalhando mais, sem horários de início e fim, sem paradinhas estratégicas ao longo do dia... sim, estamos preocupados com a saúde da nossa família, segurança do nosso time, com a recessão que vem feito nuvem de areia no deserto...


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bavitors
2020年5月19日

Esse novo momento que estamos passando carrega em si muitas possibilidades... de nos conhecermos, de nos adaptarmos, de nos tornarmos uma pessoa melhor, de valorizarmos um abraço...

Muito bacana reflexão Rafa! Sucesso nessa nova empreitada!

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